Uma dieta balanceada aliada à atividade física preserva a massa magra no organismo
Além de optar por tratamentos que não restrinjam grupos de alimentos e que privilegiem o equilíbrio, entender como o corpo gasta energia é fundamental num processo de emagrecimento e manutenção do peso.
Segundo Josefina Bressan, coordenadora do Laboratório de Metabolismo Energético e Composição Corporal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a pessoa até emagrece com dietas da moda, mas perde, junto com a gordura, um bom percentual de massa magra.
O normal, segundo ela, é que, a cada quilo de peso reduzido, o indivíduo mande embora 750 gramas de gordura e 250 gramas de massa magra. Em processos de emagrecimento muito acelerados, esse balanceamento fica comprometido. A perda de gordura cai e a de massa magra aumenta, numa proporção que pode, inclusive, se inverter.
Pode dizer que daí surge um importante "efeito colateral" das dietas radicais. O metabolismo tende a despencar e o processo de emagrecimento, em vez de continuar num ritmo gratificante, vai se tornando cada vez mais lento. Além disso, com o metabolismo desacelerado, quando a pessoa volta a comer normalmente acaba engordando o dobro e numa velocidade espantosa. Existe muito alimento para ser transformado em energia e pouca capacidade de gastá-la.
"Se, a cada tentativa de emagrecer, a pessoa faz dietas muito restritivas, pobres em nutrientes, ela perde peso, mas não perde gordura. Perde a massa magra que está nos músculos. E quando engorda de novo, não recupera a musculatura. Ganha mais e mais gordura", alerta a especialista.
Com a composição corporal toda modificada, quem tem problemas com a balança acaba tentando de tudo, e sem bons resultados. "O ideal é fazer sempre uma dieta balanceada e aliar ao programa alimentar uma atividade física, como a musculação, por exemplo. Essas duas medidas vão garantir a preservação da quantidade de massa magra, responsável por sustentar o metabolismo basal."
Para saber se o metabolismo anda lento ou não, é preciso medir a taxa metabólica de repouso ou metabolismo de repouso, o chamado metabolismo basal. Ele se refere às calorias gastas pelo corpo para a manutenção das funções básicas do organismo em repouso, como os batimentos cardíacos, respiração, controle da temperatura corporal etc.
A taxa de metabolismo basal corresponde a cerca de 70% do gasto energético total de um indivíduo. O restante fica por conta do gasto energético na digestão dos alimentos (aproximadamente 10% do total) e da atividade física diária (percentual variável, que vai depender do quanto a pessoa se exercita).
PESO
Dados sobre a taxa metabólica em repouso, que podem ser obtidos por meio de exames como a calorimetria, são comparados à taxa metabólica que seria esperada para uma pessoa de mesma idade, sexo, peso e altura. Uma variação de até 10% para mais ou para menos é considerada normal. Assim, pessoas com metabolismo lento – abaixo da variação esperada – têm mais facilidade de ganhar peso, já que necessitam de menor quantidade de alimentos para suas funções orgânicas.
Nesses casos, várias estratégias de tratamento, como o tipo de dieta, uso de suplementos e algumas mudanças de estilo de vida, podem ser usadas para promover aumento do metabolismo de repouso e, consequentemente, melhora dos resultados num processo de perda de peso.
Por outro lado, em pessoas com metabolismo normal ou aumentado, o tratamento do excesso de peso será direcionado para a quantidade de calorias ingeridas e, em alguns casos, no controle do apetite ou da compulsão.
Acelere o processo
> Pessoas com metabolismo de repouso abaixo do normal têm mais facilidade para ganhar peso pois "queimam" calorias de forma mais lenta. O mais importante nessa situação é ajustar o conteúdo calórico da dieta à taxa metabólica do paciente. Embora grande parte do metabolismo seja determinado pela idade e pela genética – fatores que não se podem modificar, alguns recursos nutricionais e mudanças no estilo de vida podem acelerar a forma como o organismo usa as calorias.
Atividade física
> A massa muscular é o principal fator determinante do metabolismo de repouso. Assim, exercícios aumentam o metabolismo de repouso tanto pelo aumento da massa muscular como também elevam o percentual do metabolismo relacionado à atividade física. Para esta finalidade, o ideal é associar exercícios aeróbicos e musculação, se possível com a supervisão de um profissional.
Intervalo das refeições
> Comer em intervalos menores eleva o metabolismo alimentar. Por outro lado, longos intervalos de jejum podem acionar mecanismos hormonais de sobrevivência que estimulam o estoque de gorduras.
Efeito sanfona
> Ciclos frequentes de engorda-emagrece-engorda acarretam problemas como diminuição da massa muscular e do metabolismo de repouso. Emagrecimentos muito rápidos, sem acompanhamento profissional, sedentarismo, dietas drásticas, medicamentos sem prescrição ou interrupção abrupta ou precoce de tratamento estão entre as principais causas deste problema.
Sono
> Poucas horas de sono ou sono irregular podem diminuir a produção do hormônio de crescimento, que é importante para a manutenção da massa muscular e aumento da oxidação das gorduras, sobretudo da região abdominal.
Hormônios
Disfunções das glândulas tireoide ou suprarrenal afetam diretamente o metabolismo de repouso. Se houver suspeita clínica dessas doenças, exames devem ser solicitados para avaliar se há necessidade de tratamento.
Fonte: Instituto Mineiro de Endocrinologia
Vanessa Jacinto - Estado de Minas
Publicação: 24/10/2010 19:18 Atualização:
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